
Cloroquina foi à droga mais testada do mundo, mas se tornou irrelevante para cientistas
Folha de S.Paulo
A droga mais mencionada na CPI da pandemia, a cloroquina, é também líder mundial de pesquisas clínicas sobre Covid-19. Só que, diferentemente de como tem sido tratada no inquérito de senadores, na academia o entendimento científico é de que o fármaco não funciona para a doença causada pelo novo coronavírus — e pode até piorar o quadro dos pacientes.
Entre os pesquisadores, há uma base parruda que apoia o consenso acadêmico: mais de 2.500 artigos científicos devidamente revisados e publicados sobre cloroquina no âmbito da Covid-19 no mundo. Esses trabalhos têm vindo à tona desde janeiro do ano passado.
Trocando em miúdos, há um novo resultado científico sobre cloroquina a cada seis horas.
A droga é, também, a mais testada em pesquisas com humanos para tratamento de Covid-19. Desde janeiro do ano passado, há registro de 268 investigações com cloroquina para Covid-19 em 55 países (incluindo o Brasil). São pesquisas que estudam o reposicionamento de drogas já existentes no mercado para outras doenças —caso da cloroquina, usada no tratamento da malária.
O Brasil está entre os dez países que mais têm publicado trabalhos científicos sobre o tema. É, ainda, o quarto país com mais testes em humanos de cloroquina para Covid-19, depois de EUA, França e Egito.
Amplamente defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao longo de 2020 como tratamento precoce para a Covid-19, a droga tem sido um dos principais alvos da CPI da pandemia — que já chegou a ser chamada de “CPI da cloroquina”.