
Por que políticos de peso, incluindo o governador, podem disputar vaga na Câmara Federal?
Enquanto o debate sobre a reforma eleitoral não avança na Câmara dos Deputados, os partidos já iniciaram as articulações para a formação de chapas proporcionais competitivas, já que as eleições de 2022 prometem ser uma das mais acirradas. Isso porque, muitas legendas sentiram os efeitos amargos das recentes minirreformas eleitorais que impuseram, entre outras mudanças, o fim das coligações partidárias. Nem mesmo partidos mais robustos como PSB, MDB, DEM, PT e PSDB podem se considerar em uma posição mais “confortável”, e por isso apostam em nomes de peso para ampliar seus espaços no parlamento federal.
“Agora, os partidos concorrem sozinhos e precisam de nomes que atraiam votos para consagrar sua permanência. Outro fator vigente é a cláusula de desempenho dos votos nacionais para que o partido tenha acesso aos recursos públicos, que asseguram em grande medida sua manutenção. Então, é necessário que os partidos lancem seus melhores candidatos para que ajudem a preencher as vagas na Câmara e melhorem o desempenho do partido para escapar da cláusula de barreira”, explicou o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Arthur Leandro.
A utilização desse candidato personalista como ferramenta para puxar votos e tornar a chapa proporcional mais atrativa para os eleitores, não é algo novo no Brasil, mas é fato que será uma estratégia intensificada nas próximas eleições diante das atuais regras em vigência. A cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho), ressalta que “ existe a necessidade do perfil ser sobre quem o eleitor está procurando”, já que houve um alto índice de renovação em 2018.
“Estamos envolvidos num processo de uma agenda de mudanças. Viemos de uma crise política, econômica e de saúde pública, e essa insatisfação tende a ficar mais aflorada. Esses nomes mais conhecidos, realmente funcionam como puxadores pela estrutura política que eles oferecem, mas ao mesmo tempo, o partido tem que ter um certo cuidado para não parecer um partido velho que ficou para trás”, destaca Lapa.